A
16ª edição da campanha Ceará sem Drogas chegou ao município de Ocara na última quinta-feira
(17/08), impulsionando um diálogo essencial e presente no cotidiano da
população: o consumo de drogas. O projeto, que é uma iniciativa da Assembleia
Legislativa do Ceará, idealizado pelo presidente da Casa, deputado Zezinho
Albuquerque (PDT), lotou o ginásio da Escola de Ensino Médio Almir Pinto. Duas
mil pessoas, entre alunos, corpo docente, familiares e gestores do município,
participaram de uma conversa com o comentarista esportivo e ex-jogador de
futebol da Seleção Brasileira Walter Casagrande, mediada pelo jornalista Fábio
Pizzato.
O deputado Zezinho Albuquerque (PDT) ressaltou para o público que o assunto demanda uma luta árdua, que nenhum empecilho pode desanimar. “Era um tabu falar de drogas”, lamentou o presidente da AL ao comentar as relações dos jovens com as famílias, que nem sempre estão preparadas para lidar com o problema. Segundo o deputado, um dos objetivos do projeto, lançado em 2014, é reduzir os índices de violência no Estado, que, em muitos casos, tem na droga um fator preponderante.
Zezinho
Albuquerque alertou ainda para o perigo da curiosidade de experimentar drogas,
uma vez que, lembrou ele, a dependência química é uma doença séria. O
presidente da AL ressaltou que aqueles que quiserem ajuda devem procurar a rede
de atendimento. O evento contou com a presença do deputado Bruno Pedrosa (PP),
da titular da Secretaria Especial de Políticas sobre Drogas (SPD), Aline
Bezerra, assim como gestores e vereadores do município visitado.
“O
único lugar em que vejo esse trabalho de conscientização das drogas ser efetivo
é aqui no Ceará, com esse projeto Ceará sem Drogas. Acredito muito nesse
projeto”, elogiou Casagrande, convidado e parceiro em todas as edições.
A
prefeita de Ocara, Amália Pereira, agradeceu a oportunidade de fazer parte da
campanha e afirmou que, atualmente, todos os gestores se preocupam com a questão.
“Não vamos desistir dos nossos filhos, temos que lutar por eles”, conclamou os
professores, jovens e familiares presentes.
A
campanha Ceará sem Drogas chegou ao município de Ocara para dialogar a partir
de uma demanda que vem se intensificando e mobilizando diferentes áreas da
cidade: a presença das drogas na vida dos jovens e todas as consequências
decorrentes do uso e abuso dessas substâncias.
“Essa
campanha veio como uma luva, num momento propício para o nosso município. Somos
uma cidade pequena, mas onde a droga já está presente”, afirmou a diretora da
EEF Maria de Lourdes Cosme, Edna Cosme. Segundo ela, a partir de casos
ocorridos no ambiente escolar, já foi iniciado um trabalho com conversas e
visitas às famílias. “Acredito que, a partir desse pontapé, virão outros
projetos que trabalhem esse tema que desestabiliza tantas famílias”,
complementou a diretora da escola localizada na zona rural daquela cidade.
Segundo
Paulo Freitas, secretário de Educação de Ocara, existe uma grande necessidade
de debater o assunto, especialmente nos ambientes em que os jovens estão mais
envolvidos, como a escola. “Aqui começa um trabalho de conscientização que
esperamos que seja continuado”, apontou. Ele afirmou que a ideia é que haja uma
abordagem multidisciplinar entre as secretarias do município, envolvendo
estudantes, funcionários e, especialmente, as famílias.
A
tarde sem aulas para as escolas municipais, estaduais e particulares convidadas
para o evento teve um motivo especial: discutir um assunto que está presente no
cotidiano, mas não tem muitos espaços de discussão, opinou Rafaela, estudante
do 1° ano na escola que recebeu o projeto.
As
colegas de sala Rafaela, 15, e Linda Inês Martins, 19, comentam que conhecem
várias histórias de jovens que se envolveram com drogas e tiveram muitos
problemas. "A falta de informação é o que faz com que muitos se metam com
drogas", opinou Rafaela. Para ela, poderia haver um espaço fixo para
conversar sobre o problema, tanto para a prevenção como para saber as saídas
possíveis de recuperação. Empolgada com a presença de Casagrande no evento, ela
comentou que "ele é um exemplo de superação, porque pode mostrar como ele
conseguiu ficar bem, depois de tudo o que passou”.
O
ex-atleta partilhou com o público as experiências que teve como dependente
químico, desde o consumo, os problemas em decorrência do uso e a forma como vem
conseguindo superar a doença. Os jovens de Ocara fizeram diversas perguntas ao
comentarista esportivo, questionando a relação com o esporte, a fama, as drogas
que ele usou, os surtos, acidentes, trabalho e relações pessoais.
Segundo
ele, a droga cria uma ilusão e, por isso, é tão perigosa para todos e,
especialmente, para os jovens. “O apoio da família é essencial para a
recuperação da pessoa. Nos primeiros quatro meses de tratamento eu queria ir
embora todo dia, achava que não precisava. Demora para o dependente aceitar que
precisa”, explicou. “A droga inverte seus valores, e leva tempo para isso ser
retomado”, reiterou para os jovens, que, atentos, ouviam e participavam do
evento que dialogava com as dúvidas e questões vividas na rotina de todos.
Fonte:
Armando Costa
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