Foto: Reprodução/Livraria Pensar |
(Coluna – Aldiney do Monte Aguiar)
Meus silêncios são sempre
ensurdecedores, por isso tagarelas. Moro com mais oito caras em um condomínio,
aqui, em Sobral, e sei muito bem o que significa estar em um local com pouca
privacidade e, consequentemente, ausência de calmaria (moro perto de estrada),
mas ainda consigo, surpreendentemente, momentos comigo mesmo, sem qualquer
barulho exterior, em que fico absorto com meus pensamentos (a única coisa
realmente livre em nós). Encontrava-me folheando umas páginas do livro de
Nelson Rodrigues, “A vida como ela é”, em uma das livrarias da “Pensar”, em
Sobral, quando me atentei para um grito perturbador; alguém gritava comigo em
meio ao silêncio de uma livraria. Mas quem seria idiota o suficiente? Ignorei,
inutilmente, aquele grito desesperado e assustado. Ninguém mais ouvia, mas como
poderiam? Eram gritos direcionados. Gritava comigo. Em meus silêncios, entabulo
diálogos comigo mesmo. Apenas o sono e a morte trazem (mas não nos
proporcionam) o silêncio verdadeiro.
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